sábado, 23 de outubro de 2010

BR-262 vai se tornar rodovia ecológica dentro do Pantanal

MIDIAMAX 22/10/2010 10:08

Diario Online/PX
A Superintendência do Ibama em Mato Grosso do Sul acaba de licenciar as obras de ampliação da BR-262 no trecho dentro do Pantanal, que vai de Anastácio até Corumbá. As obras estão em andamento e com as condicionantes estabelecidas pelo núcleo de licenciamento do Ibama de MS este vai ser o trecho mais ecologicamente correto de uma rodovia asfaltada dentro do estado de Mato Grosso do Sul, e o primeiro no país com esse tipo de exigência feita pelo Ibama.

Vão ser feitas 100 passagens subterrâneas para os animais ao longo da pista, localizadas em trechos críticos de passagens de animais pela pista (já estudados pelo biólogo Wagner Fisher da UFMS e levantados por um estudo de impacto ambiental que o Ibama exigiu do DNIT e foi realizado pela Embrapa Pantanal e pelo próprio biólogo. Calcula-se que mais de 8 mil animais são atropelados nas rodovias de MS a cada ano.

Além das passagens subterrâneas sinalizadas e com alambrados para direcionamento dos animais para elas, a rodovia terá recomposição total da vegetação ciliar com espécies nativas ao longo de todo o trecho em questão.

A rodovia terá sinalização especial com redutores de velocidade, monitoramento especial da PRF e sinalização especial em placas de que se trata de uma rodovia ecológica que atravessa um trecho especial de área de preservação permanente e um bioma específico que é o Pantanal e que precisa ser preservado e se ter um cuidado especial com sua fauna e flora.
Um trecho de 26 km na região do Buraco das Piranhas vai ter cercas especiais com inclinação de 30 graus para que os animais não atravessem a pista. Este trecho vai ter cerca especial porque é normalmente alagado e cheio de animais por causa da presença da água e, portanto, não dá para ter passagem subterrânea. Ali vão ser instalados sinais sonoros e armadilhas fotográficas que vão servir para o monitoramento dos atropelamentos na pista e para pesquisas no local.

Para David Lourenço, superintendente do Ibama em Mato Grosso do Sul, toda a rodovia vai ser liberada para se tornar um laboratório de pesquisas para educadores ambientais e biólogo, já que se trata de uma rodovia que corta o bioma Pantanal num trecho “quase totalmente preservado e que exige cuidados especiais, por isso as nossas condicionantes serem dessa ordem”, diz ele.

O Ibama também cobrou que o DNIT exija das construtoras recursos para programas de educação ambiental a serem implementados em toda essa região, dirigidos para as comunidades locais. Todas as passagens para os animais vão poder ser também utilizadas pelos produtores rurais que estão locallizados nessas regiões para manejo de seus rebanhos.

A licença foi assinada pelo presidente do Ibama, Abelardo Bayama, com base nos estudos exigidos pelo núcleo de licenciamento ambiental do Ibama MS.

domingo, 17 de outubro de 2010

Cerca de arames protegerão animais na BR 262 no Mato Grosso do Sul

ANDA

17 de outubro de 2010


A fauna pantaneira é bastante celebrada por autoridades, tem imagens usadas em propagandas de Mato Grosso do Sul, é retratada por artistas, mas basta uma viagem de carro até o coração do Pantanal para verificarmos que a realidade é bastante diferente do romantismo das telas ou do que é exibido nos comerciais.
Muitos animais, que figuram inclusive em lista de extinção do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), são atropelados e mortos pela imprudência dos motoristas que trafegam em alta velocidade pelas estradas da região.
Também há falta de iniciativa do poder público e sociedade civil em buscar alternativas para solucionar o problema.
No entanto, um projeto do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) no Estado, anunciado recentemente pelo Ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, não vai inaugurar um capítulo especial de proteção à fauna, mas está sinalizando o começo da conscientização sobre o problema no Estado.
Nele está prevista a instalação até 2011 de cercas de arame sob pontes localizadas na BR-262, trecho Miranda/Corumbá (MS) para orientar a passagem de animais. O projeto está vinculado à reforma da BR, que ainda recebe acostamento e recapeamento do asfalto, no valor de R$ 230 milhões.
Segundo o superintendente do Dnit, Marcelo Miranda, as cercas serão colocadas em pontes que estão na BR-262 do local que é conhecido como Buraco das Piranhas (a 70 quilômetros de Miranda) até a ponte sobre o Rio Paraguai, a 100 quilômetros de Corumbá.
As pontes que terão cercas embaixo já servem para o tráfego dos veículos na estrada, uma vez que a região é alagada em época de cheia. “De 100 em 100 metros temos uma ponte neste trecho”, descreve o superintendente.
Quando o Pantanal estiver em período de cheia, no entanto, as cercas não devem ajudar os animais na travessia de um lado para o outro. “Na cheia, inclusive, os animais buscam refúgio nas BRs porque a estrada costuma estar num nível maior ao do Pantanal”, aponta a doutora em Ecologia e Conservação, Janaína Casella, que realizou estudo sobre o atropelamento de animais na BR-262 e vê com bons olhos a iniciativa das cercas instaladas sob as pontes. “Há muito que se fazer para evitar os acidentes envolvendo animais, mas estas cercas podem resolver parte do problema. Depois de instaladas tem de haver um monitoramento de dados sobre a utilização delas, pelos animais”, continua a pesquisadora. O superintendente do DNIT disse que ainda não está desenhado um projeto de monitoramento.
Estatísticas
Não há estatísticas oficiais sobre a quantidade de animais atropelados nas estradas que cortam o Pantanal – pelo menos em Mato Grosso do Sul. A Polícia Militar Ambiental não realiza a contagem, a Polícia Rodoviária Federal/MS (PRF) apresenta apenas as estatísticas gerais de acidentes registrados, envolvendo animais.
Mas pesquisadores que já tiveram o tema como objeto de estudo fazem estimativas preocupantes. A pesquisadora Janaína Casella apontou num estudo defendido como tese de doutorado no começo do ano, que em algumas viagens partindo de Campo Grande com destinos à Aquidauana e Miranda, dezenas de animais foram encontrados mortos na BR-262 nos trechos citados. “Foram 231 animais. Os mais vistos foram lobinhos (71); tatu-peba (52); tamanduá-bandeira (36); tatu-galinha (20) e tamanduá-mirim (19)”, contabiliza.
Mas o número levantado em algumas viagens está ainda aquém da realidade, pois só foram contadas pela pesquisadora as carcaças dos animais que estavam na BR. Há muitos casos em que os animais são atingidos, conseguem caminhar alguns metros e morrem no mato.
Outro pesquisador, o biólogo Wagner Fischer, chegou a uma estimativa em 2002, de 2.600 mortes/ano na BR-262, trecho Campo Grande/Corumbá. “Mas este dado é muito conservador. No mínimo, a taxa de atropelamento é o dobro disso, mas acredito que seja muito maior”, relatou Fischer, que na época do estudo era professor/pesquisador da UFMS.
Os dados no entanto ainda são insuficientes e não há condições de fechar um índice de atropelamento de animais. Na Espanha, por exemplo, a estatística de atropelamentos é de 10 milhões de animais por ano; na Holanda, são 6 milhões, e nos Estados Unidos, o número chega a 1 bilhão de animais mortos nas estradas daquele país, por ano.
Nos países de primeiro mundo, os dados são extraídos de maneira mais eficaz com constante monitoramento das estradas. “No Brasil, onde temos uma biodiversidade maior do que nos EUA, por exemplo, acredito que o número de atropelamento de animais seja realmente assustador, maior do que nos Estados Unidos. É uma tragédia silenciosa que ocorre nas estradas brasileiras”, constatou o pesquisador.
Na estrada
Os acidentes nas estradas que envolvem animais também ameaçam a vida humana. Segundo estatísticas da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Estado, em 2009, foram registrados 185 acidentes ocasionados pelo choque com animais que resultaram em uma morte; 13 vítimas graves e 39 com lesões leves. Em 2010, a PRF divulgou estatísticas até o mês de abril: foram 38 acidentes ocasionados em razão de atropelamento de animais; com duas vítimas graves e sete leves.
A alta velocidade dos carros é apontada por autoridades e pesquisadores como maior fator de atropelamento dos animais e consequentemente dos acidentes envolvendo veículos. Segundo o DNIT, a velocidade máxima na BR-262, que atualmente é de 80 quilômetros por hora, não será alterada em razão do alto índice de tráfego de animais. Já a PRF monitora a velocidade dos carros com radares e admite que poucos cumprem a velocidade recomendada.
Lombadas, trechos sinalizados de forma mais dinâmica e mais fiscalização, além é claro de educação e conscientização dos motoristas, pode ser a equação para ajudar a diminuir o atropelamento dos animais e a salvar vidas segundo a pesquisadora Janaína. “É um conjunto de ações que vai diminuir o índice de atropelamento dos animais”.

sábado, 16 de outubro de 2010

Relato sobre os congressos do IUFRO (Bragança, Portugal) e do IENE (Velence, Hungria)

       A Conferência Internacional de Ecologia da Paisagem do IUFRO (IUFRO Landscape Ecology Working Group International Conference), realizada no Instituto Politécnico de Bragança, em Bragança, Portugal, no período de 21 a 24 de setembro de 2010, é uma reunião da área de Ecologia da Paisagem mais específica para questões de ambientes florestais. Por sua especificidade, é um evento de pequeno porte contando com cerca de 300 participantes, incluindo alguns dos profissionais mais relevantes da área (p.ex. Monica Turner, Marie-Josee Fortin, Santiago Saura, Tom Evans, Sandra Luque, entre outros). O Simpósio de Ecologia de Estradas (“Road Ecology: improving connectivity”) que organizei junto com Fernando Ascensão (Universidade de Lisboa) foi ótimo e teve um bom público. Para mim, foi uma excelente oportunidade de conhecer pessoalmente alguns pesquisadores especialistas no tema, seus trabalhos mais recentes e divulgar meu trabalho. Eu apresentei oralmente, no dia 22/09, os resultados do projeto em colaboração com o Prof. Jean Paul Metzger (USP), fruto da iniciação científica de Cláudia Orsini Machado de Sousa, onde avaliamos a área de vegetação nativa e das unidades de conservação do Estado de São Paulo afetadas pelas estradas, além da relação entre a distância das estradas e a cobertura de vegetação nativa do Estado (veja o resumo em anexo). Os espanhóis – Juan Malo e Cristina Mata (Universidad Autonoma de Madrid) – vem avaliando, há anos, a eficiência de medidas para reduzir a mortalidade de animais por colisões com veículos em rodovias e para aumentar a conectividade de populações animais isoladas pelas rodovias. A portuguesa – Clara Grilo – possui anos de experiência no monitoramento de animais atropelados e implementação de medidas mitigadoras nas rodovias portuguesas e espanholas. Pretendo, em um futuro próximo, reuni-los em uma reunião ibero-americana de Ecologia de Estradas. O primeiro passo foi comentar sobre o sucesso do 1º Congresso Brasileiro de Ecologia de Estradas (Road Ecology Brazil 2010) realizado em agosto em Lavras (MG), do qual fiz parte da comissão organizadora. Além disso, conversamos sobre a possibilidade de projetos em colaboração Brasil-Espanha e Brasil-Portugal para desenvolver esta linha de pesquisa no Brasil e aplicar as medidas mitigadoras mais eficientes na Europa em rodovias brasileiras e avaliar sua eficiência em um contexto de alta biodiversidade. Vejam as fotos aqui.
            A Conferência Internacional sobre Ecologia e Transportes da IENE (Infra Eco Network Europe), realizada no Hotel Juventus, em Velence, Hungria, no período de 27 de setembro a 1 de outubro de 2010, é a reunião mais relevante da área de Ecologia de Estradas da Europa. É um evento de pequeno porte contando com cerca de 200 participantes, envolvendo pesquisadores e tomadores de decisão na área de transportes. Alguns dos pesquisadores de renome nesta área, presentes no evento, foram: Lenore Fahrig, Andreas Seiler, Jochen Jaeger, Antonio Mira e Edgar Van der Grift. Eu apresentei oralmente, no dia 28/09, o mesmo trabalho que havia apresentado no IUFRO (veja o resumo estendido em anexo). Neste congresso, mais específico de Ecologia de Estradas e menor do que o IUFRO, tive a oportunidade de conversar com muitos pesquisadores. Vale ressaltar que eu e Alex Bager (UFLA) – com quem tenho um projeto em colaboração – fomos os únicos brasileiros, e pelo que sei os únicos latino-americanos, no evento. Reencontrei a Clara Grilo e o Edgar van der Grift com quem pretendo desenvolver projetos em colaboração em breve. A palestra da Lenore Fahrig foi excelente e destacou como é importante determinar o tipo de impacto causado pelas estradas sobre as comunidades (e populações) animais para selecionar a melhor medida mitigadora (ex. passagens ou cercas). Se o maior impacto é a mortalidade (significativa para a viabilidade da população) por atropelamento, a melhor medida é colocar cercas ao longo da rodovia, evitando assim que os animais atravessem a rodovia. Por outro lado, se o maior problema é o isolamento de populações porque os animais evitam atravessar a rodovia; a melhor solução seria implantar passagens para fauna e outras medidas para aumentar a conectividade. Em geral, segundo ela, o maior problema é a mortalidade por atropelamento. Mas para definir qual o maior impacto das estradas, experimentos distintos devem ser delineados. Assisti ao Workshop do Jochen Jaeger sobre as ferramentas para quantificar fragmentação da paisagem (“mesh size”) e seu potencial para uso por gestores e tomadores de decisão. Também foi bastante inspirador. Além disso, tivemos a chance de visitar diferentes medidas mitigadoras implantadas nas rodovias húngaras: passagens para fauna sobre a rodovia, túneis atravessando sob a rodovia, refletores para afugentar os animais e passagens sobre túneis. Com certeza, esta conferência foi inspiradora, enriquecedora e espero, pode gerar projetos em colaboração no futuro. Vejam as fotos aqui.

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Carro capota ao desviar de tamanduá e 4 morrem

Acidente aconteceu entre as cidades de Barra das Garças e Nova Xavantina na Rodovia BR-158; ainda houve ferido 

14/10/2010 - 13h37 . Atualizada em 14/10/2010 - 13h41 

Agência Estado 




Quatro pessoas morreram e uma ficou ferida em um acidente provocado por um animal na Rodovia BR-158, entre Barra do Garças e Nova Xavantina, em Mato Grosso, na noite de quarta-feira (13/10).
Vandomir Cordeiro dos Santos, de 33 anos, conduzia um carro quando tentou desviar de um tamanduá que estava na pista. Ele perdeu o controle do veículo e acabou capotando. Santos não resistiu aos ferimentos e acabou falecendo.

Além dele, estavam no veículo Elivane Nina da Silva Terra, de 13 anos, Enoque Inácio da Silva Terra, de 13 anos, Mariane Nina da Silva Terra, de 17 anos, e Antônio Inácio Terra Júnior, de 50 anos. Com exceção de Antônio, que ficou gravemente ferido, todos os outros passageiros morreram no local do acidente. Os corpos foram encaminhados ao Instituto Médico Legal (IML), em Barra do Garças.

http://cosmo.uol.com.br/noticia/65182/2010-10-14/carro-capota-ao-desviar-brde-tamandua-e-4-morrem.html